Ritalina



1. O que é Ritalina (Metilfenidato)?

Um medicamento produzido pelo laboratório Novartis para o tratamento do TDAH, podendo ser utilizado tanto em crianças e adolescentes como adultos. Ele é vendido com receita especial (talonário do tipo A, amarelo) em diversas farmácias. No Brasil existe apenas a forma de curta duração (entre 4 a 6 horas), o que significa que ele deve ser tomado de modo ideal 3 vezes ao dia. Em breve teremos as formas de longa duração, que podem ser tomadas 1 única vez ao dia (os nomes comerciais são Concerta® e Ritalina LA®). O Metilfenidato não pode ser importado pelas empresas que trazem medicamentos do exterior.


2. Em que casos deve-se usar a Ritalina?

Ele pertence à classe dos estimulantes, que são considerados os medicamentos de primeira escolha no tratamento do TDAH. Infelizmente, muitos médicos prescrevem outros medicamentos antes de iniciá-lo, retardando o início do tratamento que é considerado como o mais eficaz entre outros, pela Associação Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Ele não deve ser reservado para os casos mais graves, ao contrario, deve ser utilizado em qualquer caso de TDAH.


3. Qual a dose correta da Ritalina?

Infelizmente vemos vários casos de pacientes que não tem um bom resultado pelo simples fato de não estarem tomando a dose recomendada: 0,5 mg por Kg por dia. Por exemplo, se o paciente pesa 40 kg, ele deve tomar 40 x 0,5 = 20 mg. Como cada comprimido tem 10 mg, ele deve tomar no mínimo 2 comprimidos. Adultos devem tomar uma dose de 0,8 mg por Kg por dia. A dose máxima recomendada é 60 mg (6 comprimidos).



4. Ela causa dependência?

Esta é uma preocupação dos pais e dos próprios pacientes adolescentes e adultos. Como ele é vendido com receita controlada (com uma tarja preta onde se lê: “este medicamento pode causar dependência”), o temor é ainda maior. Vários outros medicamentos também são vendidos com esta advertência, em geral aqueles para tratamento da ansiedade.

Entretanto, existem vários estudos científicos na literatura demonstrando que a dependência ao Metilfenidato é extremamente rara. Isto porque os pacientes sentem-se tão melhores com o medicamento (sem os sintomas de desatenção e inquietude que não conseguem controlar por si próprios e que causam tantos problemas) que dificilmente abusam da dose. Alem disso, ele demora cerca de 1 hora para ter o seu efeito máximo. Vocês conhecem alguém que use uma “droga” que demore 1 hora para “dar barato”? Outra coisa: os portadores de TDAH sentem-se na verdade menos agitados e mais “focados” (concentrados) quanto tomam o medicamento e não tem nenhum efeito euforizante ou semelhante (“barato”, “onda”).

Mais de um estudo científico demonstrou que o Metilfenidato tem um efeito protetor quanto ao abuso de drogas e álcool no final da adolescência e da vida adulta. Portadores de TDAH (que apresentam maior incidência de abuso de drogas do que o resto da população) quando tratados com Metilfenidato têm menor incidência de abuso e dependência do que aqueles que não são tratados.



5. Quais os efeitos colaterais?

Os mais comuns são inapetência, insônia, irritação gástrica e dores de cabeça, que ocorrem numa minoria de pacientes e, quando ocorrem, tendem a desaparecer em poucos dias ou semanas. Não há efeitos colaterais “perigosos” como tonteiras, taquicardia, etc.

Durante muito tempo temeu-se que ele diminuísse a estatura (altura) de crianças, mas este efeito nunca foi demonstrado de modo convincente. Pode haver uma desaceleração inicial do desenvolvimento, mas depois ocorre o “estirão” normal da adolescência e as crianças tem a mesma altura que as demais.

Também se temeu que ele pudesse causar tiques, mas na verdade ele parece deflagar em algumas pessoas (mas não em todas) os tiques que elas já apresentavam antes do tratamento. A presença de tiques não é contra-indicação para o seu uso.



6. Como deve ser tomada?

Os sintomas de TDAH ocorrem em todas as situações e lugares: na escola, em casa, no trabalho, etc. Muitas crianças tomam o Metilfenidato apenas durante a semana ou o período escolar, porque os sintomas de TDAH ou são bem tolerados em casa, ou não causam tanto problemas como na escola. Muitas crianças, entretanto tomam o medicamento o tempo todo (como é o caso de adultos).

Não há sentido em se iniciar o Metilfenidato e interrompê-lo pouco tempo depois (1 ou 2 anos, por exemplo), porque os sintomas retornarão rapidamente. Nenhum medicamento “cura” o TDAH, apenas controla os sintomas (exatamente como ocorre com a hipertensão arterial, diabetes, glaucoma, asma, etc.). O que habitualmente se faz é experimentar interromper ao final da adolescência e observar se ainda existem sintomas residuais que atrapalham a vida do paciente. Se for necessário, ele pode ser tomado por muitos anos, sem qualquer problema para o paciente.


Sem comentários: