Por volta de 15% das crianças que recebem diagnósticos de hiperatividade na verdade sofrem de distúrbios no sono, pelo menos de acordo com os estudos dos especialistas Gonzalo Pin, do hospital Quirón, de Valência, e Milagros Merino, do hospital La Paz, em Madri, que estão participando em Barcelona de um congresso de medicina do sono. "A fronteira entre a falta de sono e a hiperatividade é confusa", explicou Pin.
As crianças que dormem mal, ao contrário dos adultos, não sofrem sonolência no dia seguinte. Em lugar disso, se tornam irritáveis, perdem concentração, e isso prejudica seu desempenho escolar. Em função desses sinais, elas terminam ocasionalmente classificadas como vítimas do distúrbio de hiperatividade, mas bastaria mudar sua forma de dormir para corrigir o problema. Por outro lado, as crianças que efetivamente padecem de hiperatividade também podem sentir efeitos sobre o sono, já que metade delas enfrentam problemas para dormir.
Os especialistas estimam que entre 25% e 30% das crianças durmam mal. Algumas sofrem de problemas respiratórios, se mexem demais (há crianças que sofrem da chamada síndrome das pernas inquietas, de causa nervosa-motora); mas 99% das crianças que dormem mal, especialmente em seus primeiros anos de vida, o fazem por maus hábitos de dormir, dizem os médicos. Elas devem ser ensinadas a dormir desde os sete meses de idade (e as que costumam despertar sozinhas no meio da noite ocasionalmente o fazem porque não seguem horários regulares de refeição.)
As crianças podem sofrer distúrbios de sono semelhantes aos dos adultos, garante Pin. Aprender a dormir, caso existam problemas, também vale para os adultos. A insônia é o distúrbio de sono mais comum entre os adultos, de acordo com Josep Montserrat e Joan Santamaria, coordenadores da unidade de sono do hospital Clinic, de Barcelona. Nas pessoas com mais de 50 ou 60 anos, sua incidência é de entre 5% e 10%, e o problema é sempre crônico, e quase sempre conectado a enfermidades como depressão (especialmente entre as mulheres), que precisam ser tratadas.
Para as pessoas mais jovens, a insônia costuma ser causada por estresse, horários alterados (pessoas que alternam turnos de trabalho, jovens que, nos finais de semana, dormem durante o dia) ou por irem para a cama tarde demais (isso inclui as crianças), depois de assistir programas de TV ou jogar videogames. Entre os demais problemas do sono, a apnéia (interrupção curta mas repetida da respiração) atinge 4% das pessoas, e amplia o risco de hipertensão e moléstias cardíacas, pois força o sistema cardiovascular.
Também surgem distúrbios de conduta na fase REM (quando o corpo deveria estar imóvel), como o sonambulismo ou, especialmente nos homens acima dos 50 anos, movimentos violentos, golpes contra aquilo que os cerca... De acordo com Santamaria, em 40% das pessoas que passam por esse último problema são detectados Mal de Parkinson ou demência, anos mais tarde. Os distúrbios do sono seriam, nelas, um primeiro sinal de degeneração neurológica. Não se sabe ainda como esse problema deveria ser tratado.
FONTE: http://noticias.terra.com.br
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