TDAH



O TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas escolas inclusivas, principalmente pelo fato de ser ainda um tema pouco difundido, não tendo essas escolas muitas informações a respeito.

Essa falta de informações sobre o que realmente seja o TDAH leva a escola muitas vezes a cometer sérios erros quanto aos métodos que utiliza tanto no diagnóstico quanto no modo de lidar com essas crianças.

Daremos aqui uma ênfase especial a esse transtorno partindo de seu conceito:

“A Hiperatividade (TDAH) é um desvio comportamental,caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e atividades, acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada” (Abram Topczewski, 19).

Diagnosticar o TDAH não é tão simples, requer uma observação minuciosa de pormenores que muitas vezes começam nos primeiros anos de vida da criança e se estendem pela fase adulta.

Para esclarecer a escola e interessados listamos uma série de critérios que são tidos como oficiais no diagnóstico de TDAH em crianças e adultos em todo o mundo.

“As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas, logo na infância, com dois grupos de sintomas, de acordo com a área de predominância:

1- TDAH – Tipo desatento: a pessoa apresenta pelo menos seis das seguintes características:

· Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado;

· Dificuldade em manter a atenção;

· Parece não ouvir;

· Dificuldade em seguir instruções;

· Dificuldade na organização;

· Evita / não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;

· Freqüentemente perde os objetos necessários para uma atividade;

· Distrai-se com facilidade;

· Esquecimento nas atividades diárias.

2- TDAH – Tipo hiperativo / impulsivo: a pessoa apresenta, pelo menos, seis das seguintes características:

· Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou não parando quieto na cadeira;

· Dificuldade em permanecer sentada;

· Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente;

· Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;

· Fala excessivamente;

· Responde as perguntas antes de serem formuladas;

· Age como se fosse movido a motor;

· Dificuldade em esperar sua vez;

· Interrompe e se intromete.” (Sam Goldstein, 1999)

Esses critérios, se bem observados evitam que muitas crianças que não têem clareza de seus limites sejam tidas como hiperativas ou que o contrário também ocorra.

Golds (1999), orienta pais e professores para que mantenham uma comunicação freqüente a fim de aumentar as perspectivas de sucesso de seus filhos com TDAH. Eles devem ainda colocar limites claros e objetivos, com atitudes disciplinares equilibradas e proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado dos mesmos.

A escola necessita ainda saber como se sentem e como pensam as crianças com TDAH e do seu esforço em tentar modificar suas atitudes. Liza O’Brien (2000) - ela e o filho tem TDAH - nos relata que,

“... Emocionalmente, freqüentemente estão dois ou três anos atrás dos colegas. Infelizmente, crianças com TDAH são pouco compreendidas e muitas vezes classificadas como preguiçosas, não inteligentes ou problemáticas, essas crianças se esforçam muito para modificar a impressão que se tem delas. Para as crianças com TDAH a vida é uma experiência frustrante. Para falar a verdade, elas sentem tão frustradas quanto seus professores.”

Escola e professores que enfrentam esse desafio de terem crianças com TDAH precisam se adaptarem às suas peculiaridades, modificando a estrutura da sala de aula e de suas lições de modo que o ambiente possa ficar mais tranqüilo.

Segundo Lisa O’Brien, seria interessante seguir algumas dicas:

- hora da arrumação: avisar com antecedência a mudança de atividade; ser firme e reforçar positivamente durante as transições; elogiar e premiar se ela conseguir se arrumar e unir os grupos antes do alarme soar.

- hora de grupo/história: sentar a criança perto do professor; permitir que ela ajude de alguma forma; elogiar ao permanecer junto ao grupo durante o tempo todo ou por mais tempo que da última vez.

- manter a classe pequena para evitar excesso de estimulação; manter um número não grande de alunos por sala; utilizar ajudantes ou outros professores.

- mantê-los sempre dentro de uma mesma estrutura; siga sempre a mesma rotina dentro de sala; não oferecer mais de duas atividades ao mesmo tempo; elogiar atividades que foram completadas.

Como forma de reforço positivo o professor pode utilizar os conceitos de compreensão, gentileza e ajuda amorosa e aplicá-los em situações reais da sala de aula.

Em relação às diferenças o professor deve frizar o respeito em sala, pois “é importante ensinar as outras crianças que todos somos diferentes e que todos devem se ajudar.” (Lisa O’Brien, 1998)

O professor precisa acima de tudo, perceber que ele tem em mãos uma criança muito especial. É muito possível que esse aluno com TDAH seja criativo, inteligente, multi-talentoso e que deseje muito, agradar aos adultos que o rodeiam. Ele está habituado ao fracasso escolar e a ser mal compreendido pelos outros. O que realmente ele precisa é de compreensão, aceitação e amor. Se for encorajada e receber oportunidade, essa criança terá um grande potencial para o sucesso escolar e social.

Esperamos então com esse projeto, levar a escola a pensar suas práticas pedagógicas voltadas às crianças com necessidades educacionais especiais, considerando o que elas possuem enquanto potencial e permitindo-lhes uma interação mais ativa e transformadora na sociedade.

Com o intuito de perceber como acontecem o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças com necessidades educacionais especiais dentro da escola inclusiva, bem como oferecer subsídios referentes a estas crianças, no mês de maio de 2002, iniciamos nossas visitas à escola pólo no Sistema de Inclusão de Catalão - Go, como estagiárias na 1.ª série do Ensino Fundamental, sala esta com 13 alunos e, segundo a própria escola, 9 destes considerados portadores de diversidades.

Através de atividades lúdicas utilizando a literatura infantil, gibis, jornais, poesias, poemas, vídeos, expressão musical, proporcionamos momentos para que as crianças pudessem produzir e interpretar textos; realizar trabalhos manuais como recortes, colagens, desenhos livres, ilustrar poemas e poesias e outros; valorizar as variações lingüísticas e culturais presentes na sociedade através de histórias em quadrinhos, tais como: Chico Bento e O Menino Maluquinho (de Ziraldo).

As temáticas visaram estimular os sonhos, as fantasias e o imaginário das crianças, conhecer anseios e frustrações, como meio de aproximação e construção de uma relação de confiança, cumplicidade e amizade.

Ao escolhermos o tema a criança hiperativa no ambiente escolar, nosso foco primordial era perceber o trabalho pedagógico da escola com a criança portadora de TDAH. Ao iniciarmos nossas visitas a escola-campo, nos deparamos com uma realidade que nos fez repensar a situação destas crianças na escola.

A nossa temática então se direcionaria também a um conjunto de problemas enfrentados pelos profissionais daquela instituição, que contradizia registros de propostas e intenções do Sistema de Inclusão para a Escola Inclusiva.

Notamos então que não basta propostas e intenções sob lemas governamentais hipócritas de igualdade sem oferecer um verdadeiro apoio à escola para que ela possa desempenhar um trabalho digno e coerente.

Vítima de um discurso demagogo com ações enganativas, a escola acaba se tornando vilã aos olhos da sociedade, pois dependente do sistema capitalista, ao tentar tornar o ensino algo democrático encontra inúmeras dificuldades. Neste caso os indivíduos considerados fora da rota da lucratividade são um conjunto de despesas para o governo, portanto são depositados nas escolas que não recebem suporte necessário para atendê-los.

Entendemos que também as práticas pedagógicas precisam se preocupar em levar seu aluno especial a transcender o espaço escolar, no sentido de se tornar apto para o enfrentamento dos obstáculos do dia-a-dia, ser capaz de criar, inventar, sonhar e sentir-se útil, independente de suas particularidades.

FONTE: http://www.rizoma.ufsc.br


1 comentário:

IVONEIDA NUNES disse...

Sil, estamos enfrentando um problemão na escola, meu filho não consegue aprender a ler,já vai pra terceira vez que faz a 1ª série e sofre com professoras que não tem preparo para lidar com seu caso! quando li sua matéria sobre distúrbios, me senti aliviada porque eu sei que ele não é(burro) como elas falam com ele! isso me dói muito!!! choro toda vez que ouço isso( mãe ela só me chama de burro e meus colegas abusam de mim)!!me ajude por favor!obrigada... bjosss